Passei, e agora?
É, eu passei. Depois da segunda tentativa, como uma fuga desesperada para não estudar na mesma escola que minha irmã mais nova, ou como uma desculpa arranjada para ter repetido o primeiro ano no ensino médio. Era o que eu dizia para as pessoas, principalmente meus pais.
-Ah! Eu larguei de mão pois passei na escola técnica , lá vou ter que repetir o primeiro ano de novo mesmo, então não tem por que eu me matar para passar de ano, não faz diferença!
Jogada de mestre! Passei na sorte na escola técnica, mas foi uma ótima desculpa para justificar o fato de ter repetido em matemática. Ô materiazinha desgraçada, ta até agora de mal comigo!
Para provar o que estou falando, é só pegar minha prova de seleção. Das 20 de português, 18 eu acertei. Das 20 de matemática, apenas 6, sendo que entre estas 6, 3 eu havia de fato respondido, o resto foi a oração que eu fiz pra Deus ajeita o meu pé torto, pois nem meu chute prestava.
Passado as férias, chegou a semana de inicio das aulas. Eu tava tranquilo, todo confiante, totalmente me achando, até que botei o pé dentro do colégio. Então começou uma guerra dentro de mim, entre personagens que até então, nem eu conhecia. Em um instante eu achava que tudo era um conto de fadas, como nos livros, ou nos filmes onde tudo acaba bem no final. E o outro dizia que realmente minha historia iria se repetir como nos livros e nos filmes, mas no meu caso, o livro seria Hamlet, e o filme, algum de terror.
Chegando Lá, vi pessoas desconhecidas, algumas mais estranhas do que eu, outros onde você via o desespero no rosto. Eu me isolei, tentei viver o meu conto de fadas, onde ninguém me incomodava. Até que descobri outro personagem dentro de mim, até então desconhecido, o Extraterrestre (ou o Extra-Liberato). Todos naquele lugar pareciam falar em outra língua. Era como se eu tivesse caído de pára-quedas num país estrangeiro, e não entendesse nada do que eles falavam, fora que eles era totalmente avançados, mentalmente, culturalmente e tecnologicamente.
Era incrível o quanto eu não sabia nada, qualquer coisa que me perguntavam, eu dizia, ‘’e - eu na - não sei!’’, com medo de que fosse sugado para o chão da sala de aula, ou que o teto se abri-se e eu fosse lançado para fora da escola. Claro que em inglês era diferente, eu sempre respondia a tudo! Mas com a expressão, ‘’I don’t know!’’. (Pra quem não sabe, significa ‘’eu não sei!’’)
E mais uma vez meu outro eu voltava e dizia que tudo ia dar errado. Eu não sei como tudo isso vai terminar, pode ser que eu volte daqui a quatro, ou, oito anos pra contar. E a velha vilã (matemática) ainda esta a me perseguir. Mas vou estudar muito, muito mesmo, nem que seja para construir uma maquina do tempo, e voltar ao passado, e matar Pitágoras e sua turminha!
Leonardo Augusto R.